Apresentação


ESCOLA E COMUNIDADE – EDUCAR PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO SER HUMANO
   
Este ano, o Programa Escola da Família (PEF) pretende mostrar que é possível fazer uma Educação mais humana, participativa, solidária com as atividades dos educadores e da gestão do Programa e, mais uma vez, tem como sede a Escola Ataliba de Oliveira, além de ter mais 14 escolas da Diretoria Centro-Sul em que recebem a comunidade nos finais de semana. Em 2010, o projeto de melhoria para a escola foi para conhecer a realidade da escola e, pensar em soluções e problemas sobre a não participação da comunidade. Com efeito, nesse ano pretendemos agir local e comunitariamente nas atividades efetivas, isto é, esse projeto quer contribuir para o desenvolvimento da escola, da comunidade e, principalmente, do ser humano.
Como diz o Teólogo Pablo Richard: “Não basta pensar ou propor alternativas. É preciso, também, construir os sujeitos que as tornem possíveis”.  Assim sendo, esse projeto defende o Programa Escola da Família na Escola Ataliba de Oliveira, supondo que é possível transformar o ambiente escolar em um local mais atrativo e interessante que se traduz em ambiente formativo. Para tanto, temos como objetivo geral aproximar a comunidade para as atividades curriculares da escola, conscientizando-o os alunos, pais, professores sobre a importância de unir escola e comunidade no Programa Escola da Família. Esse objetivo geral se desenvolve em objetivos limitados, ligados a outros desafios da cultura de paz por meio de uma educação de qualidade.  São, assim, os objetivos específicos:
  • Fomentar o diálogo entre educação e saúde em um contexto em que estão separadas e, distantes da realidade dos menos favorecidos;
·        Construir ativamente a partir da Educação sociedades democráticas as quais estimulem a formação da consciência crítica, a análise e a reflexão sobre o império dominante;
·        Promover ações coletivas, juntamente com a comunidade local, que visam à transformação das condições sociais, econômicas e culturais que causam a exclusão;
·        Educar para o compromisso libertador em uma geração narcisista, individualista e hedonista em que os valores humanos não são mais respeitados;
·        Desafiar as escolas a superar a prática de discriminação, tanto direta quanto estrutural, de modo a tornar o ambiente escolar em justiça, verdade, amor;
·        Deslegitimar o sistema de dominação hegemônica do neoliberalismo a qual se apresenta como única solução possível;
·        Estabelecer a participação dos movimentos sociais, das escolas, das ONGs, entre outras organizações que se preocupam com o bem estar da sociedade por meio da educação popular.

O PEF trabalha com quatro dimensões: qualificação para o trabalho, esporte, cultura e saúde. Esta última dimensão, sem dúvida, é importante para orientar a comunidade no sentido de viver melhor e cuidar da saúde a partir de uma visão ampla sobre o conceito de saúde. Como definiu a Organização Mundial da Saúde: “A saúde é o completo bem-estar físico, psíquico, social e espiritual e não somente ausência de doenças ou enfermidades”.
Por essa razão, as atividades e as oficinas dos educadores pretendem contribuir no desenvolvimento integral da comunidade em todas as suas dimensões –  política, social, espiritual, psíquica, biofísica – ultrapassando os muros da escola, no sentido de orientar pais, professores, crianças, jovens, idosos para a promoção de práticas de vida saudáveis e de qualidade. Ademais, o Programa Escola da Família é um dos projetos que poder-se-ia ajudar na transformação das pessoas, assegurando uma Educação mais solidária e humana. Mas, é necessário articular com a saúde, pelo contrário, não teremos cidadãos conscientes e formados para promoverem o bem comum.
Os profissionais da Educação não perceberam o quanto é importante o apoio das ONGs, dos pais, da comunidade no projeto-político-pedagógico, no dia a dia da escola. Porém, eles sabem que para ter uma escola interessante, é necessário também ter a comunidade na participação da escola. A questão é: uma Escola que não tem um projeto-político-pedagógico, o que se pode esperar de sua clientela? Por que os professores reclamam da clientela da escola, se eles não são comprometidos com a Escola, assegurando a culpa aos alunos? Por que as escolas não dialogam com as ONGs e movimentos sociais? O que fazer para ter bons profissionais na Educação e alunos comprometidos com a escola? Por que os professores não se dedicam na Escola Pública? Por que os professores e a comunidade não zelam pelo espaço público?
Por outro lado, sabemos as condições das escolas públicas: falta de interesse dos alunos, dos pais, dos professores, da direção. Para a escola ser diferente e atrativa, supõe profissionais que pensem em outro tipo de Educação, mas não é qualquer profissional. Precisa de profissionais fortes, no sentido nietzschiano, capazes de lutarem contra uma educação tecnicista. Mas, por que alguns profissionais lutam pelo bom funcionamento do espaço público? Enquanto outros, só pensam na estabilidade no Estado? Mas, não basta investir na educação e na saúde, é preciso ter o vínculo pessoal e afetivo com o povo, com aquele que é marginalizado pelo sistema neoliberal. Apontar a crítica e dizer que o Estado não se preocupa em melhorar a saúde é fácil. Sem dúvida, os nossos representantes são responsáveis por não lutarem pela uma Educação de qualidade.
Uma das atividades do Programa, que teve início no dia 19 de março, foi a implantação do Cursinho Paideia, cursinho preparatório para o vestibular, em parceria com a Rede Emancipa de Cursinhos Populares. Essa atividade parte do pressuposto de que é possível educar para todas as dimensões da vida, educando principalmente para o cuidado com a cidade.  A razão pela qual de implantar o Cursinho preparatório para o Vestibular foi uma leitura crítica do sistema educativo político atual, o qual ainda precisa repensar alguns pontos para a melhoria na Educação, no sentido de criar uma escola atrativa e de qualidade para todos. O cursinho será um dos principais projetos do Programa Escola da Família, por sua vez, terá uma clientela interessada e professores comprometidos pela causa da Educação de qualidade, mais humana. E desde já, quero agradecer a todos os professores voluntários: Danilo, Edvan, Eduardo, Fernanda, Fabiana, Catia, Bruno, Renato.
O projeto da Escola Ataliba de Oliveira (PEF) atua em perspectiva dialógica entre Cultura, Comunicação, Política, Ecologia, Saúde, Religião e Educação a partir da ótica filosófica. Atua em diálogo com a maior favela de São Paulo e a segunda maior periferia da América Latina, conhecida como a Cidade Nova Heliópolis, Cidade do Sol, na qual residem 125 mil habitantes, em sua maioria são crianças e jovens. Segundo a pesquisa do IBGE, 53% da comunidade possuem a faixa etária de 0 a 25 anos.
Atualmente, na Cidade Nova Heliópolis, muitos jovens estão no curso superior e dois jovens da comunidade estão cursando Medicina em Cuba e uma professora que também é dessa comunidade, está nos Estados Unidos, aprimorando a língua inlgesa. Encontra-se no Heliópolis, a instalação da paróquia Santa Paulina, a casa paroquial, a rádio comunitária, o cine-favela, a UNAs – União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco, ACHE – Associação dos comerciantes de Heliópolis, a biblioteca comunitária, entre outros.
Por conseguinte, o Programa Escola da Família na Escola Ataliba de Oliveira, supõe que pouco a pouco pode contribuir para uma Escola mais interessante e de qualidade. Como já sustentava o relatório da UNESCO sobre a Educação para o século XXI, um dos pilares que a Educação deve organiza-se é aprender a conviver juntos, este por sua vez, é o desafio para trabalhar coletivamente na intenção de lutar por uma Educação mais humana. Nesse sentido, a dimensão coletiva e a importância da libertação à luz da práxis que Paulo Freire sustenta é o seguinte: “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”.


     Renê da Silva Barbosa
Educador Profissional do Programa Escola da Família e Coordenador do Cursinho Paideia