sábado, 7 de maio de 2011

Educação e Internet: Um par quase perfeito

Sobrevivemos a uma sociedade que se intitula “informatizada” e que se julga plena em conhecimentos gerais. Sabemos, porém, que essa suposição de posses em conhecimento não implica em prática de atitudes sábias, uma prova disso, é a disseminação de uma tecnologia moderna denominada “internet”, a qual tem dizimado milhares de jovens, ainda que os deixe com ar nos pulmões, além de destruir relacionamentos e laços empresarias. Você poderia perguntar? Mas a internet, um perfeito e moderno canal de comunicação, que chegou para facilitar as nossas vidas, está matando as pessoas? A resposta é: Sim!

Compare internet a um veículo. Isso mesmo, um veículo. Quem dirige ou já dirigiu sabe muito bem como é delicada a sua posição, entende o tamanho da responsabilidade que lhe cabe, sabe que se o automóvel não for bem manipulado poderá, não apenas ceifar a sua própria vida, mas outras diversas. Todavia, se conduzido de maneira apropriada, torna-se de grande utilidade para os afazeres da vida. Assim também é a internet, um veículo que nos leva para onde a conduzirmos, ela pode ser extremamente construtiva, mas também pode ser mortal.

A educação do século XXI está atrelada, ou seja, dependente deste canal para que possa acontecer de maneira mais didática, mais lúdica e dinâmica. Entretanto, alguns professores se utilizam dessa ferramenta, para que a sua tarefa de mediador do ensino se torne mais amena e menos trabalhosa. Lançam atividades sem conteúdo, incentivam pesquisas superficiais em sites comuns de busca, não se atentam para as produções textuais de seus alunos, nem mesmo para sua incapacidade em organizar ideias de maneira que sejam compreensíveis.

É comum encontrarmos trabalhos, textos, redações de alunos, desde as primeiras séries do ensino fundamental, contendo cópias inteiras de sites da internet, além da utilização de palavras abreviadas, se é que podemos chamar assim, tais como “vc” (você), “vlw” (valeu), “mto” (muito), “qqer” (qualquer), e uma série de outras palavras inventadas, principalmente nos chats de bate-papo, transformando a mente dos nossos adolescentes em um depósito de porcarias eletrônicas. Vale lembrar que não são apenas os adolescentes que estão infectados deste vírus “virtual”, há muitos jovens e adultos, do ensino médio até o ensino superior com as mesmas debilidades.
Ao profissional da área de Letras, cabe uma postura diferenciada frente à problemática da educação. O professor que vela por uma educação de qualidade não se permite a facilidade, ou seja, não se conforma com a incapacidade reflexiva de seus alunos e cria meios de combater a “virtualidade” dos conteúdos em sala de aula. O que não significa que a Educação precisa banir a utilização da Internet, muito pelo contrário, a contribuição do professor aqui é, como um instrutor, ensinar aos seus alunos a manipular, a usufruir de maneira inteligente este recurso.

O momento social no Brasil é crítico, e se há esperança, ela está arraigada no amanhã, ou seja, na construção de uma educação de base, da implantação de conhecimento nas mentes jovens. O professor de Letras, que preza de fato pela educação não se permite, e muito menos aos seus alunos, uma facilidade eletrônica, um mover de dedos, um clicar, uma cópia. O bom professor orienta seus alunos a saberem conduzir bem as ferramentas que possuem, direciona os alunos para a luz, a qual a tecnologia, por meio da internet veio trazer, e sem dúvida nenhuma, aponta o abismo para o qual ela o pode conduzir.

A melhor contribuição do professor, ou seja, do profissional na área de Letras é, primar para que o conhecimento seja repassado aos alunos da maneira mais genuína possível, conduzindo-os a uma visão construtora na utilização da Internet. Apontando a eles as negatividades que pode engessar as suas mentes, e criando meios para que a educação tradicional não caia totalmente em desuso. O aluno precisa se “conectar” com o mundo, com os avanços, mas não pode se deligar das maneiras mais primitivas de adquirir conhecimento. Um momento de leitura não pode ser substituído por horas em sites de relacionamento, assim como o ensino de cálculos matemáticos não pode ser substituído pela utilização de uma calculadora científica virtual. O aluno, antes de tudo, precisa “aprender a aprender” e ensinar o professor a “aprender ensinar”.

Cátia Rangel